quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Amarelo, vermelho, verde...e o melhor é despir a alma.






A roupa branca separada. E o novo é continuar.
Saber que o zero já me é tão distante que nem dá para ver do ponto que estou do caminho.
Um novo amor, um nascimento, poderia ser.
Aliás, partir do zero nesse ponto é como gostar de viver, apaixona. sentimento é tudo.
Pensando bem a roupa não precisa ser somente branca... amarela, vermelha, verde,
que a vida seja inteira e inteira.
Melhor então não vestir roupa nenhuma.
Para receber o novo, nada mais que despir a alma.
Apenas ser.


domingo, 25 de dezembro de 2016

A certeza de ser atemporal o sentimento.






25 de dezembro de 2016.

Recostei a roupa que estava no cabide na cadeira ao lado da cama e deitei um pouco antes de me vestir para a ceia de natal com meus pais. Durante o sono estive numa casa e encontrei com titia Tânia sentada numa cadeira de madeira no alpendre, sorri com o olhar ao passo que retribuía com um sorriso tranquilo. Minha tia da forma que só pude ver em fotos, tempo que foi professora e que andava elegante, de corpo esguio. Era mesmo muito bonita. Entrei e na sala tinha uma lareira, a luz e o calor do fogo me trouxe uma sensação boa. Pensei que o sentimento nunca se perde e independe do tempo e do momento de cada vivência, sentir-se confortável está relacionado somente ao que as pessoas nos proporcionam, o que cabe ao universo interior de cada ser. Um coração valoroso sempre será um coração valoroso em quaisquer circunstâncias da vida. Na antessala vi que tinha alguém tocando piano e cantando bem suave, dava para ver que tinha uma alegria muito grande em estar ali tocando. Quando me aproximei, sorri de imediato pela alegria que era reconhecer aqueles cabelos curtinhos e sentir aquela energia tão boa diante da música. Elis e seus olhos me abraçavam, a sensação de um amor maternal. Voltei para sala, sentei no sofá e já não era a voz de Elis que escutava, em um volume muito baixo escutava uma música de Marisa Monte. Adorava aquela música, de escutar na minha casa enquanto Açucena ficava do lado. Vida boa de ter. 






quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A sala, o quarto, a vida: o colorido eu faço questão de ter.



A alma plena
Passado riscado
Alvéolos pulmonares carregados de presente
respiram a concretude

Um passado perdido
Um continente que já não me pertence
O meu território
Uma sala, um quarto, um Eu
Viver de mim é bonito demais
É uma vida tão minha
Transcender o medo, a dor,
e tudo que disseram ser minha vida.
E que nunca fez parte de mim.

Vivo com propriedade,
as flores que plantei
 Hoje reinam em meu jardim.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Meu apartamento oitavo andar.





Subir até o oitavo andar do prédio
para ver melhor o pôr do sol
Acompanhada da meditação diária.

Nas últimas horas da tarde
agradecer pelas coisas que tenho conseguido
Ter disposição diante dos afazeres
de estudo e de trabalho.
O auto-perdão para todos os erros,
tudo que me liberta de tudo que acham de mim.

Oito andares
E o pôr do sol mais lindo do mundo.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Pela janela do quarto,























Os pés limpos deslizam na cama
O dia finda
nem música, nem livro, nem redes sociais
Os olhos e a noite pela janela do quarto
sensação agradável do escuro e do silêncio

Apenas ser,

sentir
sem pretensões maiores
a verdade
a vida

sábado, 10 de dezembro de 2016

De madrugada as lembranças não pesam tanto, assim como o peso no corpo pela caminhada.





A caminhada é sempre mística.
No caminho, o ano.
Memórias de tudo que aconteceu, um tempo e por ele os quase 34 anos que tenho vivido.
De madrugada as lembranças não pesam tanto, assim como o peso no corpo pela caminhada.
Camisa vermelha para eu dizer a mim mesma que agora eu já posso ser eu na vida. Pois aos 8 anos tia Tânia disse para vestir essa cor e eu me sinto inteira quando estou em vermelho. Titia que sabia muito de mim e isso me fazia estar realmente viva por poder gostar com intensidade de tudo que gosto. Da importância da música, do introspecto Eu que titia dava muito valor também. Era bom ter alguém que falava a mesma língua. Sinto a falta disso todo tempo, dessas conversas que mais me identifico.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A memória não cabe no tempo.

Eu encostava meu rosto no chão morno da varanda nos finais de tarde , era assim que gostava de sentir o calor da vida. 
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O paralelo vive comigo

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A estranheza tem alma pesada
assim como a morte e também a vida
Viver é um estado de descrença
Sensação ainda desconfortável,
Desconforto é lidar com a felicidade,
Ter medo de ter por perto, 


Agulha fina 
É quando se sabe da espera,
o surto diante da falta de quem me foi muito amor,
e que aqui não vive mais.
A certeza do sentimento vivo
dentro da morte

o tempo 

o que nada sabe da vida
que apenas fecunda
a essência.
Tudo que tenho comigo.
Maturidade de saber,
de sentir o que não precisa de tempo.






domingo, 27 de novembro de 2016

Corpo inteiro entre dois.






Já naquele tempo gostava desses encontros, Chanel 19 que ficava por muito impregnado no corpo daquele homem. Adorava a falta de medo, de perceber seu corpo, de brincar diante da intimidade perfeita. Quantos vinis escutamos naqueles encontros, afinidade, seu perfume, as costas que eu abraçava com as mãos espalmadas a sentir um prazer inteiro e liberto.  Feminino.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O que está para a essência, o que transcende o vazio desse mundo.

Minha menina
Quando tudo é grandioso
O amor é sempre materno
Afetuoso desde as entranhas.

Nas maiores tristezas
Enquanto o mundo me rejeitou e me rejeita
me abraças forte como ninguém faz.
Nada mais forte do que ser amada.
Amo a tua essência
Amo o teu carinho
Amo






terça-feira, 22 de novembro de 2016

Meu tempo de Neve.





Não consigo sentir frio com o cair da neve, acolhedor é sentir os flocos no meu casaco sempre quente e macio. Eu que nunca estive nesse mundo em que são brancos os dias, aprendi a sensação de me confortar mesmo quando o frio faz parte da maioria das pessoas. Talvez por achar perfeitas pessoas intensas e se possível excêntricas que criem diálogos perfeitos por impulsos e estímulos que não sigam o óbvio e nem queiram ser quaisquer coisas, que não se refiram à existência como alguém que está morto e cheio de fatalidades. Que falem de tudo que já sei e o que os noticiários entendem muito: a vida de forma vulgar. Crimes e crimes e crimes, que nunca serão os flocos brancos que sinto em meu rosto ou cabelos, retiro minhas luvas e é confortável constatar a cor vermelho-vivo do meu esmalte, a delicadeza da minha mão que afaga o corpo dos que amo, de entender que isso faz parte de mim pois é uma escolha. Estou em Recife e não estou, a neve cai o tempo todo, os crimes estão na Tv que nunca ligo, sendo as luvas bem desnecessárias quando não vivo de pequenas realidades.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Viver de Ópio.






A gente vive mesmo.
A gente anseia tantas bobagens.
Corpo cheio de passagens, muita culpa.
Um suor de profundos melindres.
Medo de tudo que adoece e só adoece.
A gente vive inchado por não transpirar.
Para conseguir quase tudo,
Vencer na vida pode ser um luto:
Anula, emburrece, aniquila,
limita. Tudo que não faz enlouquecer.
Uma imagem sempre aceitável,
A cruel maneira de ser igual,
Tanta blasfêmia!

Um tempo para.
completude.
Que não existe.






sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O homem que se diz bom é alguém que tem orgulho demais para isso, reflete uma fraqueza revestida de maldade.




Ser bom não é ser bom, é preciso muito rigor para a bondade pois se for verborrágico o sentimento fica patético, e o patético é irreversivelmente ridículo. O homem que se diz bom é alguém que tem orgulho demais para isso, reflete uma fraqueza revestida de maldade. Nada mais insuportável do que ter a necessidade de dizer tudo que é em tudo que se faz. Amizades desse tipo me permitem uma agonia tão absurda, sensação das mais pedantes. Não existem diálogos para valores humanos, se sabe e ponto. Agora já se pode conversar sobre a vida...

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Carta para o meu amor.
















Parece mesmo que diante do mundo, continuo a caminhar pelas águas rasas.
Enquanto espero a profundidade para poder mergulhar, diante de mim a sensação das águas imaturas passando sempre nos meus pés, tudo que pode entristecer. Sigo à espreita, entretanto é como que todo alguém fosse um fósforo no qual o fogo se apaga fácil. É o tipo de sentimento que vejo nas pessoas, e eu não me interesso em estar perto de pessoas que acham que o amor é a beleza que se perde no espelho, como se eu gostasse somente do desejo físico. 
Ando e sinto falta de uma pessoa inteira que não me deixe afogar mais uma vez, que me reconheça na minha loucura, ser compreensivo que divida comigo todas as palavras que carrego. Que seja sedutoramente um Ele para que me apaixone todo dia até o final do meu existir. Assim espero.

domingo, 6 de novembro de 2016

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O que pode ser mais elegante do que a suavidade?





Por amar a moda.
Tecidos mais soltos no corpo, sensação não vulgar que valorizo.
A alta costura e o Chanel 19 impregnado na roupa, no travesseiro.
Movimento  noturno, misterioso, intenso. Algo agradável numa esfera introspectiva, particular.
Sensação de um mundo. Projeção do que chamo de bom gosto, leveza diante do que escolho para viver. Apenas uma forma educada, contrária ao consumismo irracional. Ser inteiro respeito, sentir-se e sentir o outro de forma suave, nada mais elegante.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Todo campo pode ter o cheiro das lavandas.



Constante.

Sementes vigoram
flores perfeitas nos campos.
Meus nervos caminham
e dormem, Apenas,
nunca se esquecem de amanhecer.
Amor e zelo moram em mim.




















sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Não espero ouro da vida.

Pousar minhas mãos sobre o peito
Fazer de conta que o corpo não existe
.
Porque nem tudo é luta e solidão.



quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O suicídio

Revirada de culpa
se suicidou
Mesmo trazendo Deus 
em sua consciência.
Pequeno 
A-m-o-r p-r-ó-p-i-o
Diante da vida.
Morreu de pensamento
negativo, 
Dorme para se recuperar 
do escuro, do castigo
Para acreditar novamente
desse amar a si 
E sentir gosto em ser 
sem precisa ser nada do que os outros 
acham que deve ser.










quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A música e olhos bonitos de Antônio.

Era amor o que sentia, delicado e inteiro sentimento. 
Olhos bonitos tinha Antônio, 
que me faziam perceber de forma sensível a vida. 
Olhos de mar.




Com o tempo o que mais aprendi foi escutar música num volume baixo, pois já não precisava que outras pessoas gostassem também. Entendia e valorizava todos os cantores que escolhia para tocar no meu rádio. Assim como já não precisava dar tanta importância a opinião de quem não procurasse se inteirar dos movimentos de música que aconteciam e tinham acontecido no país, realmente já não me importava com quem desconhecia a música de Chico, Tom, Elis. Pessoas que também não entendem o que anda acontecendo hoje em relação à música e também a situação social em que vivemos. Não sabe que cada movimento que houve é muitas vezes uma resposta para toda realidade da época. É bom quando escuto uma música que toca na rádio que me faz sentir um romantismo tão diferente e intenso que faço uma analogia aos meus momentos bons e lembranças de ter estado com pessoas especiais. Uma marca tão boa diante de tantos traumas, que eu continue dando ênfase a estas emoções primaveris. É, não vivi na época da Bossa Nova, da Tropicália, não aplaudi Elis quando defendeu Arrastão no Festival Excelsior de 1965, de escutar o especial na rádio quando Tom Jobim morreu em 1994 quando tinha 12 anos e ainda não sabia de toda importância da música que ele fazia, de escutar por alto que ele foi convidado para tocar com Sinatra a partir da minha ingenuidade juvenil. Mas pude ver o show de Chico Buarque aos 16 anos ao lado da pessoa que tanto amava naquele tempo. Chico e sua timidez no palco, eu e meu amor tímido diante de toda beleza de Antônio. Meu primeiro amor de verdade. A partir dos olhos sensíveis dele, eu pude sentir de forma tão perfeita e doce a vida. Nunca vou esquecer.



Chico Buarque- Todo o sentimento.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Eu, meus pais e o tecido puro algodão.





Lembro de como eu gostava das roupas da minha mãe quando ainda trabalhava. Blusas de linho, viscose, cambraia, tecidos que até hoje dou um valor enorme. Tecidos que nunca eram malha, engomados tão elegantes. A beleza do puro algodão, de sempre ir nas Casas José Araújo para comprar tantos metros para levar para costureira fazer vestidos. Lembro de um vestido verde que usei no São João e de um colete creme de estrelas azuis que usava sempre com uma calça branca comprada na Bugatti do Shopping Recife. Adorava aquela roupa que só podia usar em dias especiais. Estava vestida assim quando fui ao Teatro Santa Isabel pela primeira vez assistir a peça Mamãe não pode saber, um texto de João Falcão em que Lívia Falcão atuava. Eu só consegui entender da importância daquele momento tempos depois e sempre tenho carinho por meus pais me levarem para cinema, teatro, festas e farras. Foi assim que aprendi tanta coisa da vida para saber conviver em lugares diversos. Hoje posso entender esse gosto por andar pelas ruas do centro e foi minha mãe que me ensinou o valor de transitar pela vida de forma ampla e ter consciência do que sou e do que as outras pessoas são, de não ter medo de me misturar e respeitar as diferentes realidades seja numa mesa de bar, no ambiente de trabalho e na rua. Troca que se faz com pessoas mais simples ou mais formais. E assim consigo valorizar as pessoas dignas que estão em todo canto independente de importância ou classe social. Pessoas assim são como um tecido bem bonito, algo como puro algodão que sempre me traz impressões incríveis, elegantes e profundamente de bom gosto e só posso dizer isto quando me permito toda naturalidade da vida que é dialogar com o mundo e as pessoas, herança que agradeço aos meus pais e a vida intensa de quando eram mais jovens.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

O desejo






Escuro da noite,
segredo

As minhas pernas em teu silêncio,
o sentimento.
Olhos negros e,
tua barba em meu corpo
Estranhas mãos ásperas,
se interpondo em minha cintura,
O azul sedutor de todas as noites,
masculino desejo.



sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Flores e primavera, fora dos muros verdes da faculdade.



Pouco a pouco,
Ter de volta todas a flores
e esquecer de 11 anos dentro dos muros verdes da faculdade.
Sentir o êxito de ter superado a mim mesmo.
Agora é seguir meu caminho e esquecer totalmente de muita coisa,
Sustos, surtos e de ter que trincar os dentes diante de inférteis lembranças.
Diante de tanta gente, dos colegas que não tive, do curso de psicologia.
Migrei para as Letras e para outra perspectiva.
Amo demais estar com as palavras, tão literárias e bienvenidas.
Renascer na primavera tantas flores, tanta vida.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Antônio e os meus olhos de malícia.




Encontrei Antônio na Angels, no dia que tinha de blues naquela boate do centro da cidade. Quase todas as quartas quando saía do trabalho, passava antes na Madalena para dar carona a mais dois amigos que também gostava muito de ir lá escutar blues e tomar uma cerveja. Mas nesse dia, os meus amigos não foram e eu fiquei sentada sozinha numa mesa  encostada no canto da parede. Gostava tanto de música que não queria deixar de ir naquele dia, eles chamavam sempre bandas legais e achava bom ter essa opção na cidade. 2015 e estava tudo muito complicado na música para mim que gostava de músicas que muita gente não escuta mais, adorava quando encontrava lugares que tivessem pessoas tocando um bom samba, jazz, blues, bossa nova e mpb mais antigo. Sentia falta da intensidade dos músicos depois de 1980, o que para mim era muito chato viver numa sociedade que vive para viver simplesmente. Que falam de qualidade vida todo tempo, de uma geração de tantas inseguranças pessoais, profissionais, sem nenhum engajamento político e social. As pessoas acham que elas não estão dentro da política e se for para apoiar políticos corruptos eu também não estaria. Mas ser político é ter consciência ética e cidadania. Ser atuante. Era fácil fazer divagações sobre a geração de papel, que não acredita muito tempo em quase nada. Vive trocando de convicções por conveniência. Estar incluído nessa sociedade não era muito legal para mim, a perspectiva era continuar não aceitando coisas que pareciam ser ótimas para todo mundo e para mim era muito normal ter paciência para aturar tanta chatice. Estava lá em minha mesa, tomando uma cerveja, olhando para a banda, quando alguém passou por mim com uma sacola que dava para ver que ali tinha um vinil pelo formato do pacote de papelão marrom. Sempre fui muito curiosa e me deu vontade de saber de quem era o vinil, talvez de um cantor que eu também gostasse. Mas seria difícil me aproximar pois estava sentada numa mesa, num dia em que a boate não tinha muita gente, achei nada convidativo tentar me aproximar. Fiquei tão preocupada em saber da questão do vinil e para isto olhava para a outra cadeira em que estava o pacote que quando voltei a olhar mais pra mesa reconheci aquele homem, estava muito diferente desde que nos falávamos na época que acontecia a Terça do Vinil e que ainda não tinha mudado para o Pátio de Santa Cruz. Lembrei também de sentarmos para escutar Nina Simone no Texas Bar, foi nessa época que precisei parar de sair por um tempo e não avisei a quase ninguém. Simplesmente sumi, eu e toda depressão que tive. Enquanto olhava para o vinil, ele já me observava e quando olhei direito para o seu rosto, veio e ficou ao meu lado na mesa que tinha escolhido, uma mesa para duas pessoas, por muito tempo de minha vida. 

sábado, 1 de outubro de 2016

O caminho de volta.




Final do dia, bem perto da noite, dentro do ônibus eu conto os minutos para chegar em casa. Fecho os olhos para sentir mais os pensamentos que me chegam. Boas sensações e lembranças que podem ser reais ou histórias que estão nos livros que eu leio e vou me desapegando da rotina do trabalho. Prazer tão bom quando vou fazendo esse caminho de volta, de repente começa a tocar uma música que gosto na rádio, Vieste de Ivan Lins,  posiciono o fone de ouvido de forma a ouvir melhor diante do barulho dentro do ônibus, aos poucos vou esquecendo de tudo que está ao meu redor. Abstrações me levam a um tempo construído por mim há muito tempo diante do que chamo da vida pequena que não consegue desconectar da praticidade e do medo de conseguir fazer tudo, o que muitas vezes a vida impõe. Olho para a bolsa e vejo ali  minha pequena agenda em que anoto todos os pagamentos feitos, olho pela janela me sentindo aliviada por naquele mês já ter pago todas as contas. Assim, levo para casa a felicidade de ter conseguido fazer direito o meu trabalho naquele dia, pela expectativa tão boa de chegar em casa, deitar na rede depois de jantar e poder ligar o som baixinho e descansar. A possibilidade de estar comigo mesma e contemplar minha paz com muita propriedade. Rotina que gosto de ter.


Vieste (Ivan Lins)
https://www.youtube.com/watch?v=8mc2wfoPatE


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O amante



Em silêncio, entrou em meu quarto e revirou os meus sonhos, durante muito tempo parecia estar dormindo. Por todas aquelas noites, era tudo tão pouco. Sabia quem eu era e por me conhecer aquelas indelicadezas me afetavam menos. Toda noites sentimentos pequenos aconteciam por interesse. A insistência dele estar em meus sonhos, isto era impossível. Olhos pedintes diante do meu cansaço por ele ser tão limitado. Era como falar de literatura russa e não ter lido Crime e Castigo, se apegar ao corpo enquanto sempre quis um pouco mais de alma e bom senso.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Para aqueles que me chamam Consuelo.





Em tempos de tantas superficialidades, nada melhor que encontrar um amigo e ele me chamar por Consuelo. Existe intimidade e carinho que só as pessoas próximas conseguem dizer. Consuelo foi o nome que meu pai escolheu para mim e que tanto valorizo seu significado em espanhol, além de ser doce e antigo, o que me faz gostar muito. Realmente para poucas pessoas dizerem, pois requer afeto e isso só alguns amigos me fazem sentir de fato. E como boa capricorniana que sou, gosto de selecionar quase tudo e fico muito contente quando encontro uma pessoa que me chama por esse nome que pra mim é tao significativo, assim aproveito a verdadeira amizade.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

E o que vejo é um tipo de loucura nas ruas do centro.





    Às vezes quando passo pelas ruas do centro da cidade observo pessoas vestidas pela loucura, tão abandonadas por si e por todo olhar de quem passa apressado. Olhares dormentes pelo uso de drogas, realidade crua que minha mente carrega durante algum tempo, algo intragável para minha sensibilidade. Às duas horas da tarde eu tento chegar até o cinema São Luiz, o calor de setembro cria uma atmosfera morna, melancólica, quase aflita. Uma angústia pela pobreza humana, por um cheiro entranhado da quantidade de lixo e dos esgotos espalhados em qualquer esquina da rua Sete de Setembro com a Conde da Boa Vista, a prostituição que não se limita às menininhas de saia curta inerentes ao culto ao superficial , uma mescla de idiossincrasias para mim que não gosta de bregas e gente que não entende que música estridente nunca esteve na moda. É como suportar um pequeno caos até chegar na bilheteria do cinema, uma tristeza de minutos mas muito cruel. Constatar todo alvoroço e ter recompensas quando ali do lado tem um carinha bem gente boa que vende água e sonho de valsa, alguém que me acena por já me conhecer e enquanto coloco minha bici num espaço dentro do São Luiz, o que me faz trocar algumas palavras com o segurança e tudo vai se perdendo até que o filme começa e esqueço da impressão das ruas do centro da cidade.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Palavras para ser uma escritora .

Ruas pequenas é o que vejo refletidas nos olhos de algumas pessoas, que andam pressupondo coisas miúdas para minha vida. Imaginando sofrimentos que nem existem, um tipo de caos que se interpõe toda vez que tento dialogar com pessoas assim e que sempre me dão medo de acreditar, pois a força da palavra faz com que acredite no que não tem veracidade de fato.                                                       É como estar de branco e as pessoas me perceberem vestida de cinza, olhos cheios de loucura imaginam de forma estrábica quase tudo. Para não me ater por esse tipo de influência: tenho me debruçado em preces, esperanças, fé raciocinada. Tenho como amiga próxima a prudência,  tentando ser gentileza e sintonizar fora das tendências e padrões. Olhares estrábicos que reverberam em quase tudo da vida que reflete no que escrevo. Vivo ainda nesse ínterim, tentando superar esta fase da minha escrita na tentativa de me tornar uma escritora de fato.
 


sábado, 10 de setembro de 2016

Entre Narcisos, melhor mesmo é não Ser.





Um tempo e um caminho.

O que pretendo nesse momento é não ser nada. Intenções, informações, eu tento deixar de lado tudo que impregna. A certeza de ter sempre em minha realidade tudo que for silêncio, sem me deparar com realidades vazias de pessoas da sociedade. Filtrar o EGO todo para afastar de mim um pouco da submissão do SER ou do TER diante de tantos Narcisos. E quando puder, ficar fora do esquadro, ter em mente o conforto de tudo que for privado e esquecer dos que tentam ser uma personagem na vida real, ávidos por aparecer, de ser notícia de alguma forma nem que seja em algum blog. Mas quando escolho estar com amigos e poder falar das situações mais corriqueiras, despindo-me do que fiz, do que sei, do que Sou. A alegria de poder tirar os sapatos e ter os pés no chão, sem toda besteira que rodeia a essência, as falsas ilusões que cansam qualquer um que queira viver de forma simples. Pois são muitas heresias para dar conta diante do Eu nesse universo de tantas oportunidades de ser só vaidade.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

8 dias antes da viagem.




Eu ando em pulsações, rememorando as crônicas de Clarice. Dias se estreitando e a cabeça já ambiciona a hora de estar no Rio. Em habitar por cinco dias o apartamento oferecido gentilmente por minha irmã, É dentro desse enleio que a 8 dias redondos estarei caminhando, premeditando de forma simples rever certos ambientes. Um deleite ao caminhar pelas praias e lugares cheios de carinho e pequenas lembranças. Para isso, roupas leves, um sapato confortável e a cabeça em tranquilidade: minha bagagem devidamente organizada. 

domingo, 4 de setembro de 2016

O desejo e o segredo

O masculino
diante da postura
Intenção minha que se despe
O desejo que  pertence tão somente a eu e você.

sábado, 27 de agosto de 2016

Estar na vida.

Construí quase tudo.
Meu canto existe e ao mesmo tempo necessito esperar
por todo material que embala a vida.
Para escolher qual a cor
que quero para o meus lençóis.




quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A chatice que gosto de ter. Diálogos contra o didatismo.













Contra todo didatismo, pois o que é demais didático me enfada. E preciso da arte muitas vezes por dia para não ter a massante necessidade do tim tim por demagogias desnecessárias. Ora, tudo deve ser feito de metáforas complexas. pois as verdades se dividem em mentiras inventadas ou massacrantes maneiras de manipular. Não posso nem pensar que o estômago revira todo. 
Fui aprendendo a não acreditar em padrões maiores do que os que aceito para participar de uma festa, mesmo sabendo que estarei com a cara manchada insinuando que compactuo com todas regras de conveniência e que fica bem difícil de admitir depois dos 30.
Aperitivos enredados é como boa parte das palavras que tenho que trocar nessa vida. Palavras que são feitas apenas para preencher pois pensamentos inteiros são sempre sucintos e diretos. 
E o que não for profundo seja simples e o resto é o silêncio ou o medo deste. E quando em medo se diz insignificâncias, diálogos redundantes, cômicos, feitos para quase nada. 

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O caminho de volta.



E o que não foi contigo esteve sempre ao teu lado.
As preocupações tão eternas de pai e mãe.


A respiração compassada em contraponto aos silêncios dentro da casa pelos gostos distintos. Caíste no mundo pelos anseios de teus espelhos, das inclinações de tu-indivíduo, de saciar e construir a partir do teu EU a significação da vida.  Reconheceste o teu ninho primeiro, o elo eterno agora em outra instância de ternura. O eterno afeto Pai e Mãe, e tudo que se lembra até então tem inteira doçura, momentos juvenis que já não se percebe de forma ácida e revoltosa. O cheiro tão materno da vida reencontrado no caminho de volta.


terça-feira, 9 de agosto de 2016

Depois de tirar os sapatos.




Às vezes eu olho ao meu redor e reencontro a sensação doce e aconchegante de quando criança, a mente estava mais descansada e atenta a pequenas delicadezas. Encontro o cheiro bom da chuva que reconfortava, os pés sentindo o chão depois de tirar os sapatos. Tempo que sinto ainda quando em silêncio revisito sensações corriqueiras e simples.

sábado, 6 de agosto de 2016

Muito mais que uma visita.





Um tempo atrás uma colega de trabalho me convidou para um café em sua casa, achei interessante o convite pois em horário de expediente mal tínhamos tempo de conversar. Saí de casa duas horas antes pois aquela parte da cidade em que Teresa morava não conhecia quase, entrei no ônibus e pensei como era bom andar de ônibus no domingo, podia escolher onde sentar e como não queria que o vento despenteasse o meu cabelo, deixei de lado a cadeira que dava para a janela. A tarde estava bonita e existia uma paz muito grande em mim. A vida há muito estava mais tranquila pelo emprego e por estar sempre encontrando maneiras de me sentir bem, desde das coisas que escolhia para fazer e dos pensamentos que essas coisas reverberavam em meu ser. Nada como o cuidado e a necessidade de querer se positiva na vida, além da chegada de Pedro e nosso namoro que já começava a ficar antigo.
Seguia o caminho com os olhos atentos à casa de Teresa, entretanto calculei o tempo maior que realmente era chegar no bairro de Teresa. A rua que morava era próxima ao ponto de ônibus, parei um pouco e pensei para onde eu iria pois Casa Forte não tinha muitas coisas para fazer em dias de fim de semana e me recusaria a ficar sentada esperando por tanto tempo bem na frente de sua casa.
Tirei da bolsa um cigarro e fumei, olhei para o relógio e ainda era 15h23 ,mesmo sendo indelicado chegar tão mais cedo na casa de alguém toquei a campainha e ela abriu a porta e pediu para sentar ali mesmo em sua cozinha. Sentei e fiquei esperando terminar de lavar os pratos e estender as roupas no varal, era tão interessante observar aquela pessoa que apenas via no trabalho, que sempre estava bem vestida, bem maquiada, alguém que saía de casa preparada para encontrar pessoas, de ser uma personagem no ambiente de trabalho. Quando em casa ninguém se preocupa muito em ser, a vida é tão espontânea, eu divagava como era bom estar ali sentada. Pareceu incrível ver Teresa tirando as roupas da máquina e estendendo no quintal a roupa de toda sua família. Depois me acomodou em sua sala de estar, pediu licença para tomar um banho. Teresa voltou e estava com uma roupa de domingo, aquela visita que talvez fosse cheia de cerimônias e etiquetas se deu incrivelmente normal e por assim perfeita. Conversamos muito e ficamos amigas de verdade. 

terça-feira, 26 de julho de 2016

Sapatilhas vermelhas para os tempos.

Pode não estar pronto o melhor poema
Mas já existe horizonte
os ponteiros revelam o tempo..

Possibilidade sã para tudo que os nervos querem vencer.

Invísiveis
Sapatilhas
vermelhas
pros dias frios do sentimento.



quinta-feira, 14 de julho de 2016

Um canto ao Mar.






És tu a quem destino confissões e o que eu chamo de vida é pequeno demais. Perto de ti eu sinto um fôlego que me traga por dentro ao brincar com todas as ânsias que sinto na vida, em ti não consigo guardar nenhum sentimento, não consigo esquecer a dor e a angústia do que acredito ser pulsações de amor. Da insensatez que revolve as minhas entranhas pela intensidade de amar o mundo e assim o outro. Estarei sempre certa em saber que por mais que queira nunca irei ter por inteiro a certeza  do quanto me sentirei insegura diante do que sinto por todo aquele que penso que amo, que me deixo amar. As tuas águas batendo nas pedras do cais nos tempos das minhas arrebentações por esta vida, palavras que brotam em minha mente que nascem do meu inconsciente para nunca serem ditas imersas em tuas águas para seguir o curso das marés, levadas para o alto-mar como tudo que está para a significação profunda da vida, lembranças do que acontece na minha vida, impressões de tudo que não quero esquecer eu te oferto e quando quero venho a ti para reviver.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Os despudores da maturidade, beleza benvinda.
















Nos corredores da faculdade, mais um lugar para esquecer cada eloquência dos dramas que crio para a vida. Quando os meus olhos no espelho sorriem e encontram no envelhecer os despudores provenientes da maturidade, dessa beleza benvinda que altera cada gesto, cada pensar. É o sentimento que se encontra com a naturalidade da vida. Um silêncio quase santo construído por entre as janelas da biblioteca que tanto me liberta de muitas tendências advindas do que chamo de mediocridade.


domingo, 3 de julho de 2016

Os meus dois amores.














Quando vens, volto do trabalho com muita vontade de conversar. Pois adoro por estares para mim como quase ninguém, por não questionares a quantidade de cigarros que ando fumando e nem do quanto a vida anda difícil. Estes são os melhores dias, é quando sinto tudo mais forte e pungente. Quando falo realmente de mim e de tudo que me faz bem. Sentir-te e admirar com calma  o teu jeito, desde como escolhes o que vais vestir e o perfume que já está em mim a tanto tempo. E quando vais embora, volto a pensar no lado piegas da vida, dos inconstantes humores pra dar conta e estes eu sou obrigada a dividir a minha vida dia-a-dia.







sexta-feira, 1 de julho de 2016

Uma conversa antiga.




E, fazer de conta que a vida é assim normal, enquanto faço sempre comparações em minha cabeça das infinitas realidades e de não suportar pessoas incapazes de racionalizar manipulações. Situação tão antiga e rotineira nesta sociedade. Viver para ser o que esperam de você. Ainda bem que em algum momento existem quebras e muitos loucos visionários que não se preocupam em ser ou fazer tudo igual em comportamentos e nem se deixam ser uma extensão de qualquer outra pessoa. Que seguirão satisfeitos de estar fora. Porque existem muitas coisas que não estão presas a padrões e eu não preciso ligar para os que são tão limitados, e por isso, gostam sempre de maltratar e excluir. As pessoas mais medíocres são as que mais criam preconceitos. 

Uma pequena lembrança.

Uma casa no campo
pode ser uma conversa amiga
em qualquer tempo da vida.

[Consuelo Delfuego]

Fotos Porto Alegre- 2005




terça-feira, 21 de junho de 2016

Tempo de colher.





















A pedra que chega até o fundo do mar
ao poucos volta à margem
pela rebeldia e pelo que revolve as ondas.

Quando reconhece novamente a areia e o Sol,
permanece com as "cicatrizes" feitas pelo tempo imersa na água.

Distinção que a faz reconhecer a realidade de outra maneira,
a entender a vida de modo mais sensível que de costume,
de reconhecer como amigos poucas e honestas almas.

Se não assim,
Relativizar o que faz bem
Ser só diante da  mediocridade
Que tanto exclui e mata

Incríveis os que renascem da dor
que tanto reverencia o que está por dentro
ao mesmo que fortalece e torna o sentir mais verdadeiro

Oportuna sabedoria que está em amar e ser amado.

À Vida luminosa,
todo aprendizado.




sexta-feira, 17 de junho de 2016

Carta na mesa & Por que não um pequeno segredo?



Ciclos e Ciclos
que se mudam quando o pensamento evolue.
Pensamento influencia as atitudes.
Novos pensamentos, novas atitudes; mudança de escolhas.
Mudam-se lugares frequentados, amigos refeitos. Vida mais inteira.
Desafio de estar só se reconfigura e também a forma como se vê o amor por outra pessoa.
Amor sem egoísmos, amor mais próximo e compatível aos verdadeiramente verdadeiro.
Amor que não está nos bares e farras sem motivos.
Amor, Amor.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Amor Cora Coralina.


















Hoje eu fui conhecer o lugar onde viveu a pessoa que mais amei no mundo. Encontramo-nos muitas vezes nesta vida até que ela faleceu e me deixou como herança o aprendizado de uma vida além de me cobrir com um afeto muito inteiro e profundo, desses que não geram apego ou dependência. Dessa mulher sábia, eu aprendi o valor do silêncio e da convivência sadia. Aprendi uma noção de quase tudo desde o que estava para o intelecto assim como ter a dignidade de transitar por todos os lugares. O poder da indulgência. Como era lindo esse ser que tanto afagou a mim, aura tão luzidia. Alguém que amava sem necessidade, o amor que tanto liberta. Pois o amor de verdade faz sentir a essência e assim aprendi que não preciso estar todo o tempo com as pessoas que mais  me sinto bem. 

Fui ver onde morou, vivia em um quarto nos fundos de uma casa muito grande. Uma porta estreita dessas que se compõe de duas portinholas. Uma cama, uma pequena escrivaninha, uma estante de madeira com alguns livros e objetos, era tudo tão incrível. Mais uma vez Cora me surpreendia, pois em ver tudo me deu uma saudade da ternura que passava, algo que já não se tinha muito por aqui. Conheci as pessoas que moravam na casa grande e pensei como aquelas pessoas tinham muito conforto material entretanto existia nada mais que vazio, um vazio interior intrínseco em todos cômodos cheios de luxo e mais nada. Antes de sair fiz questão de entrar novamente na casa de Cora, de sentar na beirada da cama, de passar a mão levemente nos lençóis macios com bordados delicados para levar comigo a lembrança da sensibilidade aguçada de um ser humano. Como era bonito aquele refúgio, a beleza tão simples do único cômodo de quem se dedicou às coisas mais incríveis e que trouxe tanta luz para muitas pessoas atuando como professora da vida e poeta. Quando morreu, eu já possuía tanta coisa. Aos poucos me ensinou a escrever e ensinar, preparou-me das incoerências da vida e de como ficar bem longe de toda mediocridade humana. Quando já não pude conviver com Cora, eu já era feliz simplesmente por gostar de viver quando tudo ia bem ou não. O maior ensinamento de Cora e que me libertaria por toda a minha vida.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

À toda marginalização do óbvio.






O cansaço quase autônomo da mente dentre o cansaço sincero das pernas que estão nos pedais e que fazem a catraca girar para as rodas seguirem nos trilhos feitos de maneira a sempre saírem do eixo na ideia da quebra, da marginalização do óbvio.
E os afoitos, que não só afoitos, costumam viver em telhados de zinco quente assim como os gatos, mas somente suportam tal condição porque pressentem o que não está posto ou preso ao que cabe somente a este mundo. É como se um limbo existisse e que o pensamento rasteiro não consegueisse alcançar, algo que transpassa todo sentimento de catástrofe e que tanto incita o apogeu de tudo que chamamos de loucura. Entre sequelas e melindres, é preciso ser a não-potencialização do que faz adoecer. 
Pensamentos que vão e vem quando o corpo em pedais, o embate e a racionalização das impressões perante o que concebe a minha vida. Situar e desconstruir quase tudo e seguir adiante, filtrando atitudes pela prudência e pela harmonia de um existir sem se anular.

sábado, 28 de maio de 2016

Por entre portas e janelas.
















Aquela casa era minha. Por muito tempo eu pegava uma das cadeiras do terraço e ficava na calçada de maneira que eu pudesse me voltar para a fachada da casa e achava lindo aquele tom de verde que cobria naquele momento o que se deixava exposto, com uma calma conquistada aprumava o cigarro na boca e já conseguia sentir o gosto do café depois de um dia de trabalho. Entretanto o afã de me permitir e me sentir amada era para mim um princípio, um começo. 

Sensação de quem ganha um presente e  perde as estribeiras pelo fato de ser bom e permissivo, lidar com o que vai além do esperado para uma vida. Naquela casa sabia a medida de cada parede, mas nunca consegui mensurar a quanto estava o teto para o chão, porque neste cálculo existia muito de Deus em cada pertencimento, a firmeza de que certezas humanas eram referências incertas e o que realmente era por mim permitido era não me preocupar com distâncias, nem vazios. Instintivo, pensava comigo, construir paredes tendo dentro delas portas ou janelas. Pois era quase impossível se conceber a amplitude do horizonte e sem a ausência de arquétipos. A moldura na parede sempre ajustada pelos pequenos parâmetros de uma linha limítrofe que está entre o chão e o teto concebidos e assim começos e fins, finalidades, antagonismos e afirmações, 
Depois de estar a refletir ali sentada na cadeira de frente para a minha casa, de entender que já tenho em mim um pouco de amor, levo minha cadeira de volta e depois de fechar a casa, eu volto para onde cabe o outro, e entendo que a minha mente refará todos os dias a sedimentação e isso se fará toda vez que me der ao mundo. O que promove uma dor extrema, pertinente, permanente rasgar-se por dentro o que está para o que transcende, o nada óbvio de todo universo. 

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Quando os olhos não se deixavam ver.

Sentou entre a palavra e o papel. Como às vezes acontecia.
Desdisse os medos, as impressões do que entendia que o mundo fazia dela.
Os músculos respiraram e se deixou a tensão, o corpo pode ser.
Já não imaginava chicotes repuxando as suas costas e as panturrilhas, sempre pronta para batalhas.
Como era bom viver sem sociedade.


segunda-feira, 16 de maio de 2016

Redenção

Sonhos me libertam de sonhos
Mágoas e obsessões
Meu ser pequeno de pequena alma amplificada
o tempo suprime
Imagem cega se desfaz
Durmo e questiono
A imagem influente
Manipulada Manipuladora
Liberto-me das proporções ilusórias
Desfaço-me de ideias fixas.

A infelicidade, é a alegria, é o prazer, é a fama, é a agitação vã, é a louca satisfação da vaidade que fazem calar a consciência, que comprimem a ação do pensamento que atordoam o homem sobre seu futuro. A infelicidade é o ópio do esquecimento que chamais ardentemente.
A felicidade é muito mais colher os frutos, o que o presente projeta.

(Trecho de Infelicidade real. Evangelho segundo o Espiritismo)

sexta-feira, 13 de maio de 2016

O vestido preto e branco.

Viver em outro mundo. Faço tanto isso. Ontem à noite antes de dormir, eu fui no mesmo lugar e estavam as folhas de outono e você com sua roupa clássica de cavalgar
. Mais um lugar que reconheço por entre os olhos fechados,

O repugnar do instinto não estar junto ao afeto. Ou o amor ou o sexo, quando estará tudo em constante concatenação? O extinguir o controle do corpo e eu continuo esperando mais de uma relação. Em momentos penso que sou praticamente virgem e prefiro não constatar a minha falta em cada relação que foi um dia.
Em teu peito após o desejo sexual atingido, as folhas de inverno. As botas que vejo também em mim.




Um pássaro sem fio

  Quase não se sabe da rotina incompleta Ainda só se imagina O estudo e a satisfação de cada término de cada dia Livros a inquietação  momen...