quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Sendo incerta a presença física, não me cabe mais o medo. Estou comigo:estás em mim.









Enquanto escrevo,
A Norah Jones canta Come way whit me na tela da minha Tv de 22'.


Quando tenho maior acesso a ti,
entendo com calma o quanto encontro em teu ser uma identificação maior.
Algo parecido com amor. Algo que me faz descansar. 
Pois é grande a aceitação a partir da admiração que tenho por ti: do físico e do intelecto. Ainda tão incerto é saber se um dia serei algo a mais de ti.
Todavia, o que sinto já é muito grande e incrível. Distinto e leve.

A pessoa que mais me faz esquecer de tantas mumunhas da vida e desse rigor que me leva ao dissabor de mágoas. Sensações que me remete a um passado triste e trágico.

Quando estou contigo, estou contigo de alma. E o corpo físico reencontra o prazer mais terreno.
Sendo incerta a presença física, não me cabe mais o medo. Pois te sinto por inteiro de maneira gradual e suave. Sem dependências, desvinculando o ruim apego.

Parece que sinto algo bem próximo ao amor. Quem sabe.


terça-feira, 27 de outubro de 2015

Prólogo





E eu pensei e pensei... E, falei para mim mesma:

- Poucos eram os argumentos, já não restavam dentro de mim qualquer tipo de luta e assim a dúvida que se perdeu por completo.

- Ufa!... Quanto alívio coube em mim.
 

Como era bom sentir-me assim.
Antes de qualquer "envolver-me", de sensatez eu intuí:

Dos valores, da nobreza de alma... nada tens.
Existe em ti um alguém sobreposto
Por trás de um sentimento vazio
chamado vaidade.


Uma alma de carne
coberta de moscas
Carne e vísceras
carnes e nervos
carne e carne


Gosto de sangue na boca.


sábado, 24 de outubro de 2015

Para Lispector.









Quando em verso
me deito

Cabe 
o nada
promíscuo

.vaidade.

às mulheres,
o lápis
negro
profundando os olhos

Revelando um
eco
hermético
posto sobre
o seio.


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Porque eu não amo os visigodos.



O cheiro, a roupa
tudo em ti
a falta de vícios
meu carinho

Vontade de ficar bem juntinho
Dar beijo
Dormir junto
Meu nego.

Cadê tu,
que não chegou ainda?

Cheguei agora do trabalho
e te espero
Meu nego.

 Coloquei um disco de Chico
Aquele que tu gosta.
E só eu sei.



domingo, 11 de outubro de 2015

Porque me vieste com tanta importância.

Há muito que escrevi essa poesia. Dez anos e sempre tentando dignar. Hoje passei pelo mar e a sensação que me veio foi o quanto foi imensa a importância de minha tia em minha vida. Era ela o próprio mar em mistério e beleza.


In memoriam à Tânia Maria de Almeida.






O mar,
quando não estás,
quando nunca mais,
Apenas pensar.

Caminho do mar
E tudo estará dentro de mim
A vida é cada parada, uma partida.

E se não estás,
vou até o mar.



sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A TUA VISITA









Uma vez por mês a tua visita.


Morava só. E tudo contado, no armário da cozinha, nas contas do mês. O que sobrava era o que pagava uma caixa de bombons Garoto que me rendia um chocolate ao dia. Depois do jantar, sempre depois do jantar. O pó do café estava no fim e ainda faltavam alguns dias para receber. Ah, se soubesses que quando vens me visitar, a feira acaba mais rápido. Que às vezes, me falta e tenho que retirar uma refeição todo dia para poder chegar ao fim do mês. 
Chegas e comes mais de um chocolate do único gosto doce que suponho ter. Já faz tanto tempo e nunca me acostumo. Mas não sei como dizer que não quero, na verdade não é querer. 

Sei que tens um trabalho melhor e que em tua casa tens além do supérfluo. E sei também que não entendes nada de mim. 
Desarvorado egoísmo que não se mete, que olha e não se envolve. Que retira a mão para não selar.

Pensativa, reconto os bombons da caixa e percebo o quanto me falta a doçura depois do jantar.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Si.


 



Agora estava toda.

A sala estava posta, estava de fato e comigo.
O que importava já não importava há muito tempo. Os diálogos permaneciam nos becos afastados dali. Olhei para mim e vestia um vestido preto e básico. 
Havia em mim um pertencimento de mim, sabia onde começava e terminava a minha vida. Por anos tinha sido retraçada por pessoas e nunca por mim totalmente. Nesse tempo senti quase nada, sofri de impermanência. Vivi a discrepância de contar-me pelos outros.



Um pássaro sem fio

  Quase não se sabe da rotina incompleta Ainda só se imagina O estudo e a satisfação de cada término de cada dia Livros a inquietação  momen...