terça-feira, 30 de setembro de 2014

Solidão, silêncio

Tem gente que vê
na ousadia
um sinal de alerta

Corre em mim sentimentos
loucos
que tem medo de homens vazios

Porque a razão segue uma linha
estreita
de homens caretas
tem que ver...

No último ano
Estava tão livre
naquele Ulisses
Estava cansada de viver de ironia

A vida pra mim
é não me deixa levar
por homens vadios
de almas de merda

E não me importa mais
a lembrança
nem a solidão
por viver em desvarios

O silêncio é meu amigo
me deixa longe
da cegueira do povo
mesquinho






segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O exílio

O exílio não é um lugar físico, é um estado de consciência. É perder as referências de momentos bons e conduzir o humor a um certo costume.
Às vezes estar-se junto de alguém vai muito além do corpo. O transcendente.
É quando não existe o exílio.
Em equilíbrio nasce o amor.

Martena




Namorar um cego é demais.
E tão sensível.

Cheguei em oferendas
Eram tantos açoites
E eu nem aí para açoitar

Adorava quando a noite chegava
Os seus olhos pareciam a Lua

Eu queria um par de chinelos
Uma alma quente
E ele queria casar.

É...
Me traz um frescor de bondade acerca do mundo
Assim de ego e ego que me ensinasse a não me decepcionar
com ninguém, com ninguém.
Através disso me ensinasse a capacidade
de ter tudo
O que o olfato há de precisar

E no ventre,
sentimento de esconder.




quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A vida não tem espelhos

Em todas as vezes que pude nadar foi incrível.
Senti a fluidez dos meus sentidos e dessa forma recortei a tecitura
Era como os prazeres me descompensassem por muito tempo e a sensação tão pequena do orgasmo ultrapassasse o sentido puramente sexual.

É como estivesse num estado tão líquido misturados com sensações mentais extremamente fortes e de lúcido sentido.
Era como se naquela piscina eu me misturasse ao plasma que poucas vezes percebia envolto nas outras pessoas.

A possibilidade de não mais ter segredos e nada do que me permitia sentir estivesse errado.

É como se estivesse numa atmosfera em que a significação corporal fosse quase líquida e ao mesmo tempo misturada às outras pessoas. Enquanto o corpo estava desperto, a alma era aquecida a uma temperatura indomável.

Nessa teoria não havia espelhos.

Percebi que tinha perdido a audição. E um silêncio tinha começado a fazer parte da nova composição de minha atmosfera psíquica.
Agora caminhava de forma suave apesar de ainda não ter desapegado as marcas. Olhei então para o chão de minha casa e estava coberto de signos linguísticos, de folhas de jornais em recorte. De molduras prontas para fotografias importantes, coisas para reconhecer e elevar o ego.
Olhei para porta e ela estava aberta, retornei o olhar para o meio seio e descobri que quem eu imaginava que a já não era mais. Estava em outra reencarnação que não sabia em qual ano nem lugar. Mas ainda estava visitando aquelas lembranças. Olhei pra minhas sandálias e de repente olhei pra meu corpo novamente e estava entre pedaços do que eu era e do que sou.
A imagem que tinha das impressões de todos os movimentos que faziam estavam em repetição o tempo todo. Alternava aquelas sensações há muito tempo. E aos poucos comecei a refazer as sensações e voltar a ter uma só realidade. Nesse entretempo eu reconheci pessoas que não fazia ideia de onde vinham. Mas comecei a me incomodar com todas as lembranças fortes que não permitiam que pessoas novas encontrassem espaço em minha vida. Aprendi aos poucos a suportar uma ausência que levava a estagnar a minha sensibilidade.
Descobri que não preciso de reconhecimento e nem de quer nada além do que já existe dentro de mim,

*A primeira parte do texto foi quando perdi minha consciência e fiquei em coma.

O sonho

"Vai ter uma festa
                                     que eu vou dançar
                                     até o sapato pedir pra parar.

                                     aí eu paro
                                     tiro o sapato
                                     e danço o resto da vida."


Flor de Açucena

Não mais e véspera
Não tão hermética
Um ser extremamente claro me presenteou com sua companhia
Desde que chegou branqueou meus dias
Mas que olhos verdes, infantis, luminosos
A melhor pessoa que me aconteceu nos últimos tempos
Que se deita e acorda comigo
A quem acaricio e faço dengos infinitamente
É lindo cuidar de um ser

Meu doce apego

terça-feira, 23 de setembro de 2014

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

As palavras








O corredor era tão iluminado e ela sentava sempre na sala depois do jornal.
Colocava o corpo silenciosamente dentro do pano da espreguiçadeira e tomava um café. Seu corpo era longo quase tapava toda estampa da cadeira. Hoje comprara a canja, Aninha estava doente. Lis não sabia cozinhar e nem arrumar casa. Todo seu trabalho era confeccionar os livros que vendia. De noite empurrava a bicicleta carrinho e rodava as praças da cidade. Lis e Pérola tinham um selo cartonero que se conheceram em mais uma das oficinas literárias que faziam. Ser escritora era algo que unia as duas, algo grandioso que estava por trás das palavras.

A palavra era a coisa que mais trazia vida a Lis, era tudo que tinha de mais honesto. Pegou suas cigarrilhas e tratou de gastar o batom em seus filtros e a sentir um prazer que era sempre rotina. Como era ter rotina. Não fumava muito, apenas o pouco para que tivesse coragem de se levantar e colocar uma boa roupa e calçar um dos seus pares de tênis. Dessa vez tinha caprichado no papelão e usava tintas para fazer as capas do seu conto que tinha virado um livreto. Chamava A Mulher das Pérolas, afinal a verdadeira mulher das pérolas foi muito especial em sua vida. Tinha saudades de pessoas que trazem uma realidade tão incrível, mas aos poucos decidiu curtir a saudade de outra forma. Pois o caminho segue e é preciso deixar as pessoas em suas realidades. Realidade é algo que se contrapõe na vida e até quando temos a nossa e não precisamos de comparações e insegurança. Enquanto trabalhava Lis vivia uma realidade concreta e todas as outras que surgiam em sua mente eram muito mais imaginativas do que as outras.



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Ninguém pela metade.

    Para ser grande, sê inteiro: nada
    Teu exagera ou exclui.
    Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
    No mínimo que fazes.
    Assim em cada lago a lua toda
    Brilha, porque alta vive.

    Ricardo Reis, 14-2-1933

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Capitu

O mar de ressaca em teus olhos
Que não mais vejo
Um mar de ausência
Um mar.
Que revolve a areia
Ondas por cima de ondas
Teu mar verde
E minha inconsequência
de olhar a ti em amoroso
desatino
A pessoa que reencontro
nesse mundo
Como amor maior
Puro e livre



domingo, 14 de setembro de 2014

Anunciação

Quando o amor nasce
mina todos os meus caminhos
Lento e profundamente
desorganizando todas as minhas defesas
É quando me entrego ao carinho
ao olhares silenciosos
a certeza exata dos meus gestos
sem nenhuma necessidade
de jogar ou omitir
os meus desejos.

Amar
não sei o exato momento
em que meu corpo desperta
para a carne e a alma
ao mesmo tempo.

Acredito que o amor está
mais uma vez chegando
meu corpo anda dizendo.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

De uma paixão chamada G.H.

Com G.H. aprendi a necessidade de uma terceira perna
pois à vida de nada agrada o descontrole.
Com Clarice compreendi que o impossível é não viver por dentro
sem a intenção de sanar os medos, os nervos e o desapegos.
Eles vão e vem em equlíbrio ou não.


Continuo sentindo falta
de uma sensibilidade esquecida
de uma bondade sobrenatural.
Os meus lugares favoritos estão suspensos
projetados em meus pensamentos
Ávidos por possibilidades de existir.

Acredito que a comunicação ainda é muito falha
Talvez organizar as ideias num livro ainda me é mais tranquilo.
Ainda não me dou com a tendenciosa comunicação humana.






quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O mar da senzala

A saudade não é sã
A saudade não existe
A saudade que nasce e morre dentro de mim
Saudade não se mata
Pois assim não se é mais.

O banzo que sangra em meu corpo,
que projeta as imagens inesquecidas,
sensações embaralhadas e ternas
Os olhos se fecham e a cores
adentram em meus escuros silêncios.
As cores que vejo não tem por aqui.
As cores estão todas dentro de mim.
E saio todos os dias à procura de uma pessoa
que me encontre em silêncios e cores
que me deixe
desconectar um pouco
do ostracismo do mundo.


 Lembrança da senzala

O mar,
Quando não estás,
Quando nunca mais,
Apenas pensar.
Caminho do mar
E tudo sempre
Estará dentro mim.
E se não estás,

Vou até o mar.

domingo, 7 de setembro de 2014

Desapontando o tempo

Acredito que amo bem mais o que não está pronto.
O que requer muita atenção e cuidado.
Amo a forma como me olhas.

Acredito na redenção humana, e quando o caos existe há uma possibilidade infinita de amadurecimento.

Acredito no amor
num construir incansável

que faz com que dois seres busquem harmonia

A vida construída a partir da imensidão de dois corações
que seguem mutuamente em silêncio
conectados pelo amor verdadeiro

Se eu pudesse
colocar em palavras
a sensação interminável do amor...
vivo em amor constante
vivo retirante
sempre apontando
para dentro
desviando dos cárceres
da pontualidade do tempo.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Malamor

Permaneço ao relento
Quando as folhas caem
E o vento triste do acontecimento,
Reside em minha manhã.

A chuva caindo lá fora
Entretanto a plenitude de minha doce aurora
Amplia meus sonhos de esperança

Em ti e por ti me deixo
Com todo sentimentalismo
Que podemos nos dar

Encontro sempre dentro de mim
A saudade e o silêncio

Sou feita de imensidão

Mas a razão hoje 
Me comove tanto
E tanto



Um pássaro sem fio

  Quase não se sabe da rotina incompleta Ainda só se imagina O estudo e a satisfação de cada término de cada dia Livros a inquietação  momen...