domingo, 31 de janeiro de 2016

Que tempo?





Antes mesmo da sessão.
Tinha dia que me esforçava para separar o tempo de antes e de agora. Não dava muito certo.
Tarefa difícil. As impressões se embaralhavam quase sempre.
Conversas e sensações que tento encontrar um endereço para levá-las para casa. Como destinar uma escala temporal para os quadros que ficam gravados a partir dos pensamentos. A importância de dignar os pensamentos. Certa importância que se dá e se desfaz. O jogo entre a coerência e toda falta dela.
O que se diz agora e pouco mais não pesa tanto e depois volta a pesar.

A falta de uma escala cronológica diante do estalar dos dedos, entre as sessões de hipnose, submergir e trazer impressões para refazer quadros mentais. Exaurir o tempo, que tempo?   


quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Um copo de vidro na sala.






Se olha de cima a baixo, ajeita a gola do uniforme. O linho sempre alvo em mangas com detalhes bordados.

Toda sexta retira a feira da mala do carro. E vai passando pelas mão coisas que nunca teria condições de ter. Os sapatos que se apertam e a necessidade de se encostar um minuto na ponta da mesa que nunca sentou um dia.
Resignadamente entendia e com uma obediência irracional, castrava-se no ambiente dos patrões.
À noite, buscava na cômoda de seu quarto alguns livros, e na cadeira que fora do quarto de Rachel ao passo que escutava a novela, lia mais um dos romance trazidos pela própria menina. Nem bem sabia que além de livros, Rachel estava tão próxima. e que à noite os papéis eram trocados. Sendo ela totalmente subserviente aos pedidos daquela que arrumava e se dizia empregada. 

Rachel e Cecília compactuavam secretamente de uma história. E quando a noite chegava, possuíam uma rotina e nesta caminhos permissivos e discretos. Um relacionar-se de anos.  Um copo que se quebra na sala de estar. Um copo de vidro na sala.


domingo, 24 de janeiro de 2016

O que fizeste o tempo todo?









O que fizeste o tempo todo?

Foste tu por quanto tempo?

E se deixaste ser ...E se, deixaste ser?

Com esse esforço de se desnudar todo o tempo.

Reconstruindo   qual o sangue se renova  nas veias.

Qual a capa envolve o fio,
Emoções vestindo o corpo da carne.

Matéria oca e a necessidade da Arte como vestimenta crua
Eco profundo nos olhos  dos outros, pros outros..
O rebuscar-se incessante pro ego de mim
Que não tenho espelhos
no oscuro
Me sentindo
Mas nunca entendendo o todo.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Benvinda.






O cheiro entranhado nas coisas.

A madrugada, a cadeira,
Afino a ponta do lápis o sinto-me presente.
Tudo está de volta. A tranquilidade de ser.

Observo o esmalte, os anéis que escolho. Vaidade tão minha.
Os olhares que recebo na naturalidade das ruas. Entre cafés e cinemas, companhia que me deixo permitir. Os vestidos de bom gosto que observo nas vitrines.
Os anseios interpostos em letras de músicas, quase todas antigas.
O gosto pela vida. Que se passa sempre elegante nos gestos e palavras, na beleza tranquila e deslumbrante. Do afago que não pede, pois está. Simplesmente está. Nobre e incrivelmente vivo.

Piso no meu chão.

Um pássaro sem fio

  Quase não se sabe da rotina incompleta Ainda só se imagina O estudo e a satisfação de cada término de cada dia Livros a inquietação  momen...