segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Todo campo pode ter o cheiro das lavandas.



Constante.

Sementes vigoram
flores perfeitas nos campos.
Meus nervos caminham
e dormem, Apenas,
nunca se esquecem de amanhecer.
Amor e zelo moram em mim.




















sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Não espero ouro da vida.

Pousar minhas mãos sobre o peito
Fazer de conta que o corpo não existe
.
Porque nem tudo é luta e solidão.



quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O suicídio

Revirada de culpa
se suicidou
Mesmo trazendo Deus 
em sua consciência.
Pequeno 
A-m-o-r p-r-ó-p-i-o
Diante da vida.
Morreu de pensamento
negativo, 
Dorme para se recuperar 
do escuro, do castigo
Para acreditar novamente
desse amar a si 
E sentir gosto em ser 
sem precisa ser nada do que os outros 
acham que deve ser.










quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A música e olhos bonitos de Antônio.

Era amor o que sentia, delicado e inteiro sentimento. 
Olhos bonitos tinha Antônio, 
que me faziam perceber de forma sensível a vida. 
Olhos de mar.




Com o tempo o que mais aprendi foi escutar música num volume baixo, pois já não precisava que outras pessoas gostassem também. Entendia e valorizava todos os cantores que escolhia para tocar no meu rádio. Assim como já não precisava dar tanta importância a opinião de quem não procurasse se inteirar dos movimentos de música que aconteciam e tinham acontecido no país, realmente já não me importava com quem desconhecia a música de Chico, Tom, Elis. Pessoas que também não entendem o que anda acontecendo hoje em relação à música e também a situação social em que vivemos. Não sabe que cada movimento que houve é muitas vezes uma resposta para toda realidade da época. É bom quando escuto uma música que toca na rádio que me faz sentir um romantismo tão diferente e intenso que faço uma analogia aos meus momentos bons e lembranças de ter estado com pessoas especiais. Uma marca tão boa diante de tantos traumas, que eu continue dando ênfase a estas emoções primaveris. É, não vivi na época da Bossa Nova, da Tropicália, não aplaudi Elis quando defendeu Arrastão no Festival Excelsior de 1965, de escutar o especial na rádio quando Tom Jobim morreu em 1994 quando tinha 12 anos e ainda não sabia de toda importância da música que ele fazia, de escutar por alto que ele foi convidado para tocar com Sinatra a partir da minha ingenuidade juvenil. Mas pude ver o show de Chico Buarque aos 16 anos ao lado da pessoa que tanto amava naquele tempo. Chico e sua timidez no palco, eu e meu amor tímido diante de toda beleza de Antônio. Meu primeiro amor de verdade. A partir dos olhos sensíveis dele, eu pude sentir de forma tão perfeita e doce a vida. Nunca vou esquecer.



Chico Buarque- Todo o sentimento.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Eu, meus pais e o tecido puro algodão.





Lembro de como eu gostava das roupas da minha mãe quando ainda trabalhava. Blusas de linho, viscose, cambraia, tecidos que até hoje dou um valor enorme. Tecidos que nunca eram malha, engomados tão elegantes. A beleza do puro algodão, de sempre ir nas Casas José Araújo para comprar tantos metros para levar para costureira fazer vestidos. Lembro de um vestido verde que usei no São João e de um colete creme de estrelas azuis que usava sempre com uma calça branca comprada na Bugatti do Shopping Recife. Adorava aquela roupa que só podia usar em dias especiais. Estava vestida assim quando fui ao Teatro Santa Isabel pela primeira vez assistir a peça Mamãe não pode saber, um texto de João Falcão em que Lívia Falcão atuava. Eu só consegui entender da importância daquele momento tempos depois e sempre tenho carinho por meus pais me levarem para cinema, teatro, festas e farras. Foi assim que aprendi tanta coisa da vida para saber conviver em lugares diversos. Hoje posso entender esse gosto por andar pelas ruas do centro e foi minha mãe que me ensinou o valor de transitar pela vida de forma ampla e ter consciência do que sou e do que as outras pessoas são, de não ter medo de me misturar e respeitar as diferentes realidades seja numa mesa de bar, no ambiente de trabalho e na rua. Troca que se faz com pessoas mais simples ou mais formais. E assim consigo valorizar as pessoas dignas que estão em todo canto independente de importância ou classe social. Pessoas assim são como um tecido bem bonito, algo como puro algodão que sempre me traz impressões incríveis, elegantes e profundamente de bom gosto e só posso dizer isto quando me permito toda naturalidade da vida que é dialogar com o mundo e as pessoas, herança que agradeço aos meus pais e a vida intensa de quando eram mais jovens.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

O desejo






Escuro da noite,
segredo

As minhas pernas em teu silêncio,
o sentimento.
Olhos negros e,
tua barba em meu corpo
Estranhas mãos ásperas,
se interpondo em minha cintura,
O azul sedutor de todas as noites,
masculino desejo.



sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Flores e primavera, fora dos muros verdes da faculdade.



Pouco a pouco,
Ter de volta todas a flores
e esquecer de 11 anos dentro dos muros verdes da faculdade.
Sentir o êxito de ter superado a mim mesmo.
Agora é seguir meu caminho e esquecer totalmente de muita coisa,
Sustos, surtos e de ter que trincar os dentes diante de inférteis lembranças.
Diante de tanta gente, dos colegas que não tive, do curso de psicologia.
Migrei para as Letras e para outra perspectiva.
Amo demais estar com as palavras, tão literárias e bienvenidas.
Renascer na primavera tantas flores, tanta vida.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Antônio e os meus olhos de malícia.




Encontrei Antônio na Angels, no dia que tinha de blues naquela boate do centro da cidade. Quase todas as quartas quando saía do trabalho, passava antes na Madalena para dar carona a mais dois amigos que também gostava muito de ir lá escutar blues e tomar uma cerveja. Mas nesse dia, os meus amigos não foram e eu fiquei sentada sozinha numa mesa  encostada no canto da parede. Gostava tanto de música que não queria deixar de ir naquele dia, eles chamavam sempre bandas legais e achava bom ter essa opção na cidade. 2015 e estava tudo muito complicado na música para mim que gostava de músicas que muita gente não escuta mais, adorava quando encontrava lugares que tivessem pessoas tocando um bom samba, jazz, blues, bossa nova e mpb mais antigo. Sentia falta da intensidade dos músicos depois de 1980, o que para mim era muito chato viver numa sociedade que vive para viver simplesmente. Que falam de qualidade vida todo tempo, de uma geração de tantas inseguranças pessoais, profissionais, sem nenhum engajamento político e social. As pessoas acham que elas não estão dentro da política e se for para apoiar políticos corruptos eu também não estaria. Mas ser político é ter consciência ética e cidadania. Ser atuante. Era fácil fazer divagações sobre a geração de papel, que não acredita muito tempo em quase nada. Vive trocando de convicções por conveniência. Estar incluído nessa sociedade não era muito legal para mim, a perspectiva era continuar não aceitando coisas que pareciam ser ótimas para todo mundo e para mim era muito normal ter paciência para aturar tanta chatice. Estava lá em minha mesa, tomando uma cerveja, olhando para a banda, quando alguém passou por mim com uma sacola que dava para ver que ali tinha um vinil pelo formato do pacote de papelão marrom. Sempre fui muito curiosa e me deu vontade de saber de quem era o vinil, talvez de um cantor que eu também gostasse. Mas seria difícil me aproximar pois estava sentada numa mesa, num dia em que a boate não tinha muita gente, achei nada convidativo tentar me aproximar. Fiquei tão preocupada em saber da questão do vinil e para isto olhava para a outra cadeira em que estava o pacote que quando voltei a olhar mais pra mesa reconheci aquele homem, estava muito diferente desde que nos falávamos na época que acontecia a Terça do Vinil e que ainda não tinha mudado para o Pátio de Santa Cruz. Lembrei também de sentarmos para escutar Nina Simone no Texas Bar, foi nessa época que precisei parar de sair por um tempo e não avisei a quase ninguém. Simplesmente sumi, eu e toda depressão que tive. Enquanto olhava para o vinil, ele já me observava e quando olhei direito para o seu rosto, veio e ficou ao meu lado na mesa que tinha escolhido, uma mesa para duas pessoas, por muito tempo de minha vida. 

sábado, 1 de outubro de 2016

O caminho de volta.




Final do dia, bem perto da noite, dentro do ônibus eu conto os minutos para chegar em casa. Fecho os olhos para sentir mais os pensamentos que me chegam. Boas sensações e lembranças que podem ser reais ou histórias que estão nos livros que eu leio e vou me desapegando da rotina do trabalho. Prazer tão bom quando vou fazendo esse caminho de volta, de repente começa a tocar uma música que gosto na rádio, Vieste de Ivan Lins,  posiciono o fone de ouvido de forma a ouvir melhor diante do barulho dentro do ônibus, aos poucos vou esquecendo de tudo que está ao meu redor. Abstrações me levam a um tempo construído por mim há muito tempo diante do que chamo da vida pequena que não consegue desconectar da praticidade e do medo de conseguir fazer tudo, o que muitas vezes a vida impõe. Olho para a bolsa e vejo ali  minha pequena agenda em que anoto todos os pagamentos feitos, olho pela janela me sentindo aliviada por naquele mês já ter pago todas as contas. Assim, levo para casa a felicidade de ter conseguido fazer direito o meu trabalho naquele dia, pela expectativa tão boa de chegar em casa, deitar na rede depois de jantar e poder ligar o som baixinho e descansar. A possibilidade de estar comigo mesma e contemplar minha paz com muita propriedade. Rotina que gosto de ter.


Vieste (Ivan Lins)
https://www.youtube.com/watch?v=8mc2wfoPatE


Um pássaro sem fio

  Quase não se sabe da rotina incompleta Ainda só se imagina O estudo e a satisfação de cada término de cada dia Livros a inquietação  momen...