terça-feira, 22 de novembro de 2016

Meu tempo de Neve.





Não consigo sentir frio com o cair da neve, acolhedor é sentir os flocos no meu casaco sempre quente e macio. Eu que nunca estive nesse mundo em que são brancos os dias, aprendi a sensação de me confortar mesmo quando o frio faz parte da maioria das pessoas. Talvez por achar perfeitas pessoas intensas e se possível excêntricas que criem diálogos perfeitos por impulsos e estímulos que não sigam o óbvio e nem queiram ser quaisquer coisas, que não se refiram à existência como alguém que está morto e cheio de fatalidades. Que falem de tudo que já sei e o que os noticiários entendem muito: a vida de forma vulgar. Crimes e crimes e crimes, que nunca serão os flocos brancos que sinto em meu rosto ou cabelos, retiro minhas luvas e é confortável constatar a cor vermelho-vivo do meu esmalte, a delicadeza da minha mão que afaga o corpo dos que amo, de entender que isso faz parte de mim pois é uma escolha. Estou em Recife e não estou, a neve cai o tempo todo, os crimes estão na Tv que nunca ligo, sendo as luvas bem desnecessárias quando não vivo de pequenas realidades.

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