Um tempo atrás uma colega de trabalho me convidou para um café em sua casa, achei interessante o convite pois em horário de expediente mal tínhamos tempo de conversar. Saí de casa duas horas antes pois aquela parte da cidade em que Teresa morava não conhecia quase, entrei no ônibus e pensei como era bom andar de ônibus no domingo, podia escolher onde sentar e como não queria que o vento despenteasse o meu cabelo, deixei de lado a cadeira que dava para a janela. A tarde estava bonita e existia uma paz muito grande em mim. A vida há muito estava mais tranquila pelo emprego e por estar sempre encontrando maneiras de me sentir bem, desde das coisas que escolhia para fazer e dos pensamentos que essas coisas reverberavam em meu ser. Nada como o cuidado e a necessidade de querer se positiva na vida, além da chegada de Pedro e nosso namoro que já começava a ficar antigo.
Seguia o caminho com os olhos atentos à casa de Teresa, entretanto calculei o tempo maior que realmente era chegar no bairro de Teresa. A rua que morava era próxima ao ponto de ônibus, parei um pouco e pensei para onde eu iria pois Casa Forte não tinha muitas coisas para fazer em dias de fim de semana e me recusaria a ficar sentada esperando por tanto tempo bem na frente de sua casa.
Tirei da bolsa um cigarro e fumei, olhei para o relógio e ainda era 15h23 ,mesmo sendo indelicado chegar tão mais cedo na casa de alguém toquei a campainha e ela abriu a porta e pediu para sentar ali mesmo em sua cozinha. Sentei e fiquei esperando terminar de lavar os pratos e estender as roupas no varal, era tão interessante observar aquela pessoa que apenas via no trabalho, que sempre estava bem vestida, bem maquiada, alguém que saía de casa preparada para encontrar pessoas, de ser uma personagem no ambiente de trabalho. Quando em casa ninguém se preocupa muito em ser, a vida é tão espontânea, eu divagava como era bom estar ali sentada. Pareceu incrível ver Teresa tirando as roupas da máquina e estendendo no quintal a roupa de toda sua família. Depois me acomodou em sua sala de estar, pediu licença para tomar um banho. Teresa voltou e estava com uma roupa de domingo, aquela visita que talvez fosse cheia de cerimônias e etiquetas se deu incrivelmente normal e por assim perfeita. Conversamos muito e ficamos amigas de verdade.
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