quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A vida não tem espelhos

Em todas as vezes que pude nadar foi incrível.
Senti a fluidez dos meus sentidos e dessa forma recortei a tecitura
Era como os prazeres me descompensassem por muito tempo e a sensação tão pequena do orgasmo ultrapassasse o sentido puramente sexual.

É como estivesse num estado tão líquido misturados com sensações mentais extremamente fortes e de lúcido sentido.
Era como se naquela piscina eu me misturasse ao plasma que poucas vezes percebia envolto nas outras pessoas.

A possibilidade de não mais ter segredos e nada do que me permitia sentir estivesse errado.

É como se estivesse numa atmosfera em que a significação corporal fosse quase líquida e ao mesmo tempo misturada às outras pessoas. Enquanto o corpo estava desperto, a alma era aquecida a uma temperatura indomável.

Nessa teoria não havia espelhos.

Percebi que tinha perdido a audição. E um silêncio tinha começado a fazer parte da nova composição de minha atmosfera psíquica.
Agora caminhava de forma suave apesar de ainda não ter desapegado as marcas. Olhei então para o chão de minha casa e estava coberto de signos linguísticos, de folhas de jornais em recorte. De molduras prontas para fotografias importantes, coisas para reconhecer e elevar o ego.
Olhei para porta e ela estava aberta, retornei o olhar para o meio seio e descobri que quem eu imaginava que a já não era mais. Estava em outra reencarnação que não sabia em qual ano nem lugar. Mas ainda estava visitando aquelas lembranças. Olhei pra minhas sandálias e de repente olhei pra meu corpo novamente e estava entre pedaços do que eu era e do que sou.
A imagem que tinha das impressões de todos os movimentos que faziam estavam em repetição o tempo todo. Alternava aquelas sensações há muito tempo. E aos poucos comecei a refazer as sensações e voltar a ter uma só realidade. Nesse entretempo eu reconheci pessoas que não fazia ideia de onde vinham. Mas comecei a me incomodar com todas as lembranças fortes que não permitiam que pessoas novas encontrassem espaço em minha vida. Aprendi aos poucos a suportar uma ausência que levava a estagnar a minha sensibilidade.
Descobri que não preciso de reconhecimento e nem de quer nada além do que já existe dentro de mim,

*A primeira parte do texto foi quando perdi minha consciência e fiquei em coma.

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