Dezembro-40 mil vidas-envelheço. No espelho nunca esqueço meus 20 anos. Tudo é memória, o presente, sábio.
sábado, 30 de abril de 2016
O machado e a neve.
Chegava sempre de sobretudo negro e pesado.
Sobretudo entorpecia com tanto rigor
Marchando e remanchando em meu caminho
Ritos de crueldade, de rudeza
E eu entre o seus cravos
Espinhos
E eu sempre arfante
Fugindo de tanta frieza.
quarta-feira, 27 de abril de 2016
Será para ele o Amor?
A cama, a cadeira,
para quando já se deu o dia?
Os pés no tapete, o café
e o corpo pede casa, descanso.
A ideias de todo o dia reverberam,
tipo de alegria,
tão bom de sentir.
O dever cumprido na sala.
O carinho estimado daquele
que trago comigo.
Uma parte de tudo
e tuas mãos por sobre meus ombros.
A tua respiração em minha vida.
Uma pequena extravagância
para os velhos tempos parcos
de minha rotina.
Respiro tua elegante calma
Me permito amante
Por um instante me despeço
do pensar solitário.
Parece que te busco,
em meio a aridez
do mais profundo.
sexta-feira, 22 de abril de 2016
terça-feira, 19 de abril de 2016
A alma que foge.
Adoro estar comigo.
E sentir tudo.
Escutar o barulho dos lábios,
enquanto fumo.
Ficar matutando sem me preocupar com ninguém.
Ouvindo milhares de músicas e o silêncio.
Os dois ao mesmo tempo.
Gestos simples, felicidade ampla.
Tantas tardes
Flauta doce
a mente
liberta.
Absorta
tantos diálogos
De mim para mim.
Cadeira de balanço
Palavras
Palavras
Por toda vida.
De toda vida.
A cadência
das teclas
o som da máquina
escrever
escrever
o corpo
torpe
Alma
não fica
no chão.
sexta-feira, 8 de abril de 2016
O que está além do preto e branco.
Nasci trazendo saudade, sentindo falta.
Olhos curiosos e pedintes
Querendo resgatar algo
que raramente me permitiam entender por completo..
Sensação familiar que rasga as entranhas
Que me faz feliz no opaco
deste mundo.
Que me ajuda a não querer ir cedo,
a não mais pedir pra ir cedo.
E as rejeições que tanto atingem os mais sensíveis,
reverberam com pouca intensidade,
E a vida segue com tempos outros
num movimento que às vezes pode-se dar ao luxo
de baixar a guarda esquecendo de todo medo em querer viver a vida.
E assim o descanso, recostar a cabeça no peito sem defesas.
Sentimento grande,
Por tal complexidade a carga emocional me inquieta.
Me ensina a pedir silêncio e meditação.
Vestígios da falta e o coração resigna.
Aos poucos vou pisando de novo no chão.
O amor sublime assenta e volto a me acostumar,
com os sentimentos mais densos daqui.
O peito já não lembra da saudade.
A dor do amor ausente se vai.
E mais uma vez sinto o que não cabe nesse mundo.
segunda-feira, 4 de abril de 2016
O fato é que gosto de ser só muitas vezes,
Já há muito não usava aquele sinal. E por que não? E a dúvida morria.
Apressava o passo, fazia dos tempos quase de tudo e dela me esquecia.
Conhecia tanto alguém que tinha alguma beleza, mas que morria nas palavras. Algo tão difícil e duas coisas tão possíveis de reconhecer quando eu pensava que às vezes precisava pensar em alguém. Mas há muito eu nem pensava. Eram tantas pessoas outras e seguia sem me importar mais do que a vida pedia. Porque era querer muito entender da saudade e ainda colocar alguém que não cabia e ainda não cabe. Aí vou vivendo e vivendo e é tudo tão intenso e aí fico imaginando se um dia pudesse conversar todas as conversas que gosto de ter e ainda ter companhia pras conversas e tanta coisa de amor que se possa compartilhar. Em todo esse caminho de 33 anos, já estive com algumas pessoas e destinei pontos. Em minha cabeça preciso ponderar e colocar mais vírgulas, pois afeição parece que vem de mansinho. A paciência que me falta, a construção do sentimento que me falta. Não tenho muita atitude e às vezes me limito a ser só e isso é tanta coisa e assim me divirto comigo mesma. É quando me vejo escolhendo sair só e assim evitando aquele outro que não tem boa conversa. Tão introspectiva com tendências herméticas.
O fato é que gosto de ser só muitas vezes,
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