Dezembro-40 mil vidas-envelheço. No espelho nunca esqueço meus 20 anos. Tudo é memória, o presente, sábio.
quinta-feira, 30 de abril de 2015
A casa já construída.
Duas vezes por dia eu apertava os olhos e sentia vontade de chorar. A tua presença dentro de toda falta me enlouquecia. A tua permanência nas cores que escolhia para amar. Não dava para imaginar o quanto permitia encontrar-te transcendentemente. As mãos que se recolhiam ao sentir o calor da tua presença. Em paralelo olhava para o mundo aflita pelo desconhecimento.
Aos poucos encontrei um istmo, um local de minha escolha com cores tão tuas, num tempo atual. A aflição cessava pois não precisava me conduzir aos passos do passado. Ser feliz com as pessoas de minha época mesmo sendo distantes de minha idade por muitas vezes. mas era indescritível sentar em tempo real e tomar um café e falar o que realmente se tem na cabeça sem ser tachada de louca ou E.T.
Parece-me que a pior parte passou e o que de confuso se tornou uma sensação agradável. Parece que depois de todo esse desconforto psico-afetivo de anos ainda tenho condições de construir uma vida e tomar certos posicionamentos. Pois continuo com os mesmos pensamentos de sempre, entre loucuras e maluquices permissivas e com muita cautela tenho o meu espaço. E na minha casa, algo bem coerente ao que prezo e a todo respeito que tenho por mim e pela vida.
Agora a solidão é diferente. Geralmente revelo parte de tudo que sinto e acho que isso é bom. E espero nunca escolher me afastar do social e quando a dor interior e as crises chegarem, seguirei sempre com o mesmo enfrentamento interno. E quanto mais simples for a vida mais amor terei por ela. E quando quiser expandir a energia e a inquietude que tenho, ligo o som e danço na minha casa que está bem construída.
E agora a solidão não passa de um lugar tão doce que levo sempre comigo. Mas parece que vou ter que guardar muitas vezes comigo pois terei companhia por toda vida. Um amor bom, desses de viver com harmonia. *
terça-feira, 28 de abril de 2015
Enguiço
nos teus restos de culpa.
Garrafas verdes e vazias
com rótulos corroídos
Eu não conseguia mais desviar
daquela ferrugem.
Aquele ritmo
Enlouquecedor
O enguiço na ampulheta
O catarro
na garganta
sem espaço
para o escárnio.
quinta-feira, 23 de abril de 2015
A dor que não existe
Quando as imagens das internações se afastam do presente e
as dores se afastam das tendências cruéis da mente,
pode-se sentir uma memória
esquisita. Um gosto doce em algo de tortura, uma fenda se abre naquela casa tão
bem construída. A loucura.
segunda-feira, 20 de abril de 2015
O cego.
Com a mesma desculpa, me pede a mesma reza.
Encosta a mesma descrença nas próprias dores em ruminação eterna. Em pensamentos que se repetem nas atitudes de cada dia.
O instinto nas mesas aconchegando medíocres palavras da boca pra fora.
Parecem corpos sem alma. Corpos que se distraem.
Carnes de todos os tipos desfilando em roupas de marca.
É fato a tendência dos que causam efeito, cheios de músculos.
Ideias antropofágicas.
O tempo se repete.
Encosta a mesma descrença nas próprias dores em ruminação eterna. Em pensamentos que se repetem nas atitudes de cada dia.
O instinto nas mesas aconchegando medíocres palavras da boca pra fora.
Parecem corpos sem alma. Corpos que se distraem.
Carnes de todos os tipos desfilando em roupas de marca.
É fato a tendência dos que causam efeito, cheios de músculos.
Ideias antropofágicas.
O tempo se repete.
sexta-feira, 17 de abril de 2015
Em mim,
Não tinha mais cigarro, nem bebida. A conversa de bar não me era mais digerida.
Os vícios são outros.
não andava mais capengando e sabia que tinha que deixar de lado muitas coisas do passado.
Quebrar com aquele vício de olhar para determinados desconsolos. Porque a doce tristeza não é boa.
A criança que nasce de um parto difícil nunca vai sentir. A dor não existe para ficar me encharcando e me conduzindo por enjoados momentos. Porque dor é dor, o sal e o açúcar é medido de forma sensata para cada organismo.
É ponderável o medo para cada ciclo. E não repetir dramas.
É preciso subir as escadas e se libertar de alguns hábitos para dar lugar a outros.
E a agora calar para ouvir para onde vão os passos, que estão na agulha.
Preciso ser eu, somente. E isso não é nada chato.
Para dormir em qualquer canto de mim.
domingo, 12 de abril de 2015
Pedra de sangue.
Decidiu entre dois passados. Se interpunham por todo o tempo. Impressões manifestadas e reconstruídas.
Memórias bem quistas, o cheiro de Chanel no linho, no tweed.
Camisetas de malha que se esgaçam. A incoerência de um tempo que é tão fácil chegar ao vazio. E o mundo repete as fases. Posturas juvenis* por existências. Portos sem cais. Ao amargo, uma trava na língua.
Entrelaçar os fios: Amor líquido. Vermelho vazio. Pedra de sangue.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
quinta-feira, 2 de abril de 2015
Memória.
Sonhei que tinha muitos relógios de pulso sobre meu quarto e consultava todos. Cada um com uma referência diferente. Uma reprodução da realidade embalada, era um presente de minha terapeuta.
Morava bem perto do mar. E dentre minhas cadernetas estava cenas de 2005 bem descritas.
Um assunto muito revisto em minha memória. Como entender um momento que poderia ter sido algo abortivo em minha existência. O lugar que tenho medo de visitar em minha mente, mas quem sempre reconduz meus momentos. E eu decidi depois de tempos ser muito minuciosa em tratar das falácias e de me aprofundar nas palavras que tenho em qualquer relação da vida.
Estou há dez anos sempre olhando para a sala que quase me perdi. Mas acredito que não existe irreal nas articulações da mente. Ainda não consegue se explicar o que sente o espírito em sua totalidade. É ainda um mundo cifrado.
Em 2005 o surreal se tornou evidente em minha vida, mesmo com uma ocorrência indigesta. Reencontrar o fio da vida foi coisa bem longa. As tendências mentais estão todas por trás de toda conduta moral que tenho que ter em nessa vida. O medo de perder o fio outra vez é constante e como luto. As linhas são tênues demais e uma pessoa pode sair de um polo a outro num instante.
Percebo que sempre tangencio o surreal, mas também percebo que ainda não é o momento. Às me encontro em uma gaiola por necessidade. necessidade de me aproximar do tempo das pessoas que me comunico. Mas sempre querendo a liberdade de me utilizar de tudo que sinto e que não posso trocar com mais ninguém por completo.
Então vivo trocando fragmentos. Meias conversas entre diálogos.
O medo do que se propõe nas palavras.
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