sábado, 27 de agosto de 2016

Estar na vida.

Construí quase tudo.
Meu canto existe e ao mesmo tempo necessito esperar
por todo material que embala a vida.
Para escolher qual a cor
que quero para o meus lençóis.




quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A chatice que gosto de ter. Diálogos contra o didatismo.













Contra todo didatismo, pois o que é demais didático me enfada. E preciso da arte muitas vezes por dia para não ter a massante necessidade do tim tim por demagogias desnecessárias. Ora, tudo deve ser feito de metáforas complexas. pois as verdades se dividem em mentiras inventadas ou massacrantes maneiras de manipular. Não posso nem pensar que o estômago revira todo. 
Fui aprendendo a não acreditar em padrões maiores do que os que aceito para participar de uma festa, mesmo sabendo que estarei com a cara manchada insinuando que compactuo com todas regras de conveniência e que fica bem difícil de admitir depois dos 30.
Aperitivos enredados é como boa parte das palavras que tenho que trocar nessa vida. Palavras que são feitas apenas para preencher pois pensamentos inteiros são sempre sucintos e diretos. 
E o que não for profundo seja simples e o resto é o silêncio ou o medo deste. E quando em medo se diz insignificâncias, diálogos redundantes, cômicos, feitos para quase nada. 

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O caminho de volta.



E o que não foi contigo esteve sempre ao teu lado.
As preocupações tão eternas de pai e mãe.


A respiração compassada em contraponto aos silêncios dentro da casa pelos gostos distintos. Caíste no mundo pelos anseios de teus espelhos, das inclinações de tu-indivíduo, de saciar e construir a partir do teu EU a significação da vida.  Reconheceste o teu ninho primeiro, o elo eterno agora em outra instância de ternura. O eterno afeto Pai e Mãe, e tudo que se lembra até então tem inteira doçura, momentos juvenis que já não se percebe de forma ácida e revoltosa. O cheiro tão materno da vida reencontrado no caminho de volta.


terça-feira, 9 de agosto de 2016

Depois de tirar os sapatos.




Às vezes eu olho ao meu redor e reencontro a sensação doce e aconchegante de quando criança, a mente estava mais descansada e atenta a pequenas delicadezas. Encontro o cheiro bom da chuva que reconfortava, os pés sentindo o chão depois de tirar os sapatos. Tempo que sinto ainda quando em silêncio revisito sensações corriqueiras e simples.

sábado, 6 de agosto de 2016

Muito mais que uma visita.





Um tempo atrás uma colega de trabalho me convidou para um café em sua casa, achei interessante o convite pois em horário de expediente mal tínhamos tempo de conversar. Saí de casa duas horas antes pois aquela parte da cidade em que Teresa morava não conhecia quase, entrei no ônibus e pensei como era bom andar de ônibus no domingo, podia escolher onde sentar e como não queria que o vento despenteasse o meu cabelo, deixei de lado a cadeira que dava para a janela. A tarde estava bonita e existia uma paz muito grande em mim. A vida há muito estava mais tranquila pelo emprego e por estar sempre encontrando maneiras de me sentir bem, desde das coisas que escolhia para fazer e dos pensamentos que essas coisas reverberavam em meu ser. Nada como o cuidado e a necessidade de querer se positiva na vida, além da chegada de Pedro e nosso namoro que já começava a ficar antigo.
Seguia o caminho com os olhos atentos à casa de Teresa, entretanto calculei o tempo maior que realmente era chegar no bairro de Teresa. A rua que morava era próxima ao ponto de ônibus, parei um pouco e pensei para onde eu iria pois Casa Forte não tinha muitas coisas para fazer em dias de fim de semana e me recusaria a ficar sentada esperando por tanto tempo bem na frente de sua casa.
Tirei da bolsa um cigarro e fumei, olhei para o relógio e ainda era 15h23 ,mesmo sendo indelicado chegar tão mais cedo na casa de alguém toquei a campainha e ela abriu a porta e pediu para sentar ali mesmo em sua cozinha. Sentei e fiquei esperando terminar de lavar os pratos e estender as roupas no varal, era tão interessante observar aquela pessoa que apenas via no trabalho, que sempre estava bem vestida, bem maquiada, alguém que saía de casa preparada para encontrar pessoas, de ser uma personagem no ambiente de trabalho. Quando em casa ninguém se preocupa muito em ser, a vida é tão espontânea, eu divagava como era bom estar ali sentada. Pareceu incrível ver Teresa tirando as roupas da máquina e estendendo no quintal a roupa de toda sua família. Depois me acomodou em sua sala de estar, pediu licença para tomar um banho. Teresa voltou e estava com uma roupa de domingo, aquela visita que talvez fosse cheia de cerimônias e etiquetas se deu incrivelmente normal e por assim perfeita. Conversamos muito e ficamos amigas de verdade. 

A morte acompanha a vida.

É o que penso. sinto a fragilidade de viver Deus sabe como se estivesse pronta acompanhando o meu mundo mundo imantado meu silêncio pensamen...