quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Um copo de vidro na sala.






Se olha de cima a baixo, ajeita a gola do uniforme. O linho sempre alvo em mangas com detalhes bordados.

Toda sexta retira a feira da mala do carro. E vai passando pelas mão coisas que nunca teria condições de ter. Os sapatos que se apertam e a necessidade de se encostar um minuto na ponta da mesa que nunca sentou um dia.
Resignadamente entendia e com uma obediência irracional, castrava-se no ambiente dos patrões.
À noite, buscava na cômoda de seu quarto alguns livros, e na cadeira que fora do quarto de Rachel ao passo que escutava a novela, lia mais um dos romance trazidos pela própria menina. Nem bem sabia que além de livros, Rachel estava tão próxima. e que à noite os papéis eram trocados. Sendo ela totalmente subserviente aos pedidos daquela que arrumava e se dizia empregada. 

Rachel e Cecília compactuavam secretamente de uma história. E quando a noite chegava, possuíam uma rotina e nesta caminhos permissivos e discretos. Um relacionar-se de anos.  Um copo que se quebra na sala de estar. Um copo de vidro na sala.


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