quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O que (ainda) nem sabe o quanto.




Percebi que há muito não tinha um número. 
Os dias que passam ligeiro e muitas pessoas, não dá tempo de sentir quase por ninguém. Rostos que se apresentam e marcas ínfimas que levo para casa. Um mundo que não se aprofunda e isto todos falam pelos dias. Um nível grande de obviedade na vida.

Mas para quê um número, um telefone e ninguém a quem possa ligar e falar e falar e falar. Enquanto me condiciona estar nos lugares e ter a arte de sempre não dizer muita coisa. Todavia eu não preciso beber ou pensar que sair na sexta para um lugar quase orgíaco para ser subversivo. Creio que seja algo infantil de fazer o que não queremos. Mas já sei que não se deve esquecer, pois quando se tenta esquecer existe uma fuga. E eu não vou fugir do que é triste e  vazio. Olhei ao redor da sala e percebi que existiam objetos bem antigos entre móveis que não eram "clean" e isso me deixou confortável. Mas já estava na hora das coisas não serem só confortáveis, porque se viver fosse somente isso seria como não ir mais além e só obter da vida o lado funcional. E isto é o que menos importa quando tudo segue algo mais espontâneo e natural.
E assim estar apaixonado por alguma coisa nos faz entender tudo a partir de fatos que viram memória e que perdem o de mais racional e tudo simplesmente flui de forma sensorial e afetiva. E o afetivo nos faz viver, faz com que exista sentido em observar a beleza de alguém por exemplo, com pretensões e sem pretensões ao mesmo tempo. Observar em silêncio a oportuna presença de alguém que se faz especial e (ainda) nem sabe o quanto. Pois expressar as impressões nesse momento pouco importa. Pensar que talvez um dia poderei encostar minha cabeça e descansar por ter em minha vida uma pessoa que tanto vou amar. Imaginar um dia sentir esse tipo de felicidade. A sensação da intimidade que nos faz parar de lutar e se proteger do outro.

Então terei um número para falar, ou talvez não.


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