Uma vez por mês a tua visita.
Morava só. E tudo contado, no armário da cozinha, nas contas do mês. O que sobrava era o que pagava uma caixa de bombons Garoto que me rendia um chocolate ao dia. Depois do jantar, sempre depois do jantar. O pó do café estava no fim e ainda faltavam alguns dias para receber. Ah, se soubesses que quando vens me visitar, a feira acaba mais rápido. Que às vezes, me falta e tenho que retirar uma refeição todo dia para poder chegar ao fim do mês.
Chegas e comes mais de um chocolate do único gosto doce que suponho ter. Já faz tanto tempo e nunca me acostumo. Mas não sei como dizer que não quero, na verdade não é querer.
Sei que tens um trabalho melhor e que em tua casa tens além do supérfluo. E sei também que não entendes nada de mim.
Desarvorado egoísmo que não se mete, que olha e não se envolve. Que retira a mão para não selar.
Pensativa, reconto os bombons da caixa e percebo o quanto me falta a doçura depois do jantar.
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