sábado, 28 de maio de 2016

Por entre portas e janelas.
















Aquela casa era minha. Por muito tempo eu pegava uma das cadeiras do terraço e ficava na calçada de maneira que eu pudesse me voltar para a fachada da casa e achava lindo aquele tom de verde que cobria naquele momento o que se deixava exposto, com uma calma conquistada aprumava o cigarro na boca e já conseguia sentir o gosto do café depois de um dia de trabalho. Entretanto o afã de me permitir e me sentir amada era para mim um princípio, um começo. 

Sensação de quem ganha um presente e  perde as estribeiras pelo fato de ser bom e permissivo, lidar com o que vai além do esperado para uma vida. Naquela casa sabia a medida de cada parede, mas nunca consegui mensurar a quanto estava o teto para o chão, porque neste cálculo existia muito de Deus em cada pertencimento, a firmeza de que certezas humanas eram referências incertas e o que realmente era por mim permitido era não me preocupar com distâncias, nem vazios. Instintivo, pensava comigo, construir paredes tendo dentro delas portas ou janelas. Pois era quase impossível se conceber a amplitude do horizonte e sem a ausência de arquétipos. A moldura na parede sempre ajustada pelos pequenos parâmetros de uma linha limítrofe que está entre o chão e o teto concebidos e assim começos e fins, finalidades, antagonismos e afirmações, 
Depois de estar a refletir ali sentada na cadeira de frente para a minha casa, de entender que já tenho em mim um pouco de amor, levo minha cadeira de volta e depois de fechar a casa, eu volto para onde cabe o outro, e entendo que a minha mente refará todos os dias a sedimentação e isso se fará toda vez que me der ao mundo. O que promove uma dor extrema, pertinente, permanente rasgar-se por dentro o que está para o que transcende, o nada óbvio de todo universo. 

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Quando os olhos não se deixavam ver.

Sentou entre a palavra e o papel. Como às vezes acontecia.
Desdisse os medos, as impressões do que entendia que o mundo fazia dela.
Os músculos respiraram e se deixou a tensão, o corpo pode ser.
Já não imaginava chicotes repuxando as suas costas e as panturrilhas, sempre pronta para batalhas.
Como era bom viver sem sociedade.


segunda-feira, 16 de maio de 2016

Redenção

Sonhos me libertam de sonhos
Mágoas e obsessões
Meu ser pequeno de pequena alma amplificada
o tempo suprime
Imagem cega se desfaz
Durmo e questiono
A imagem influente
Manipulada Manipuladora
Liberto-me das proporções ilusórias
Desfaço-me de ideias fixas.

A infelicidade, é a alegria, é o prazer, é a fama, é a agitação vã, é a louca satisfação da vaidade que fazem calar a consciência, que comprimem a ação do pensamento que atordoam o homem sobre seu futuro. A infelicidade é o ópio do esquecimento que chamais ardentemente.
A felicidade é muito mais colher os frutos, o que o presente projeta.

(Trecho de Infelicidade real. Evangelho segundo o Espiritismo)

sexta-feira, 13 de maio de 2016

O vestido preto e branco.

Viver em outro mundo. Faço tanto isso. Ontem à noite antes de dormir, eu fui no mesmo lugar e estavam as folhas de outono e você com sua roupa clássica de cavalgar
. Mais um lugar que reconheço por entre os olhos fechados,

O repugnar do instinto não estar junto ao afeto. Ou o amor ou o sexo, quando estará tudo em constante concatenação? O extinguir o controle do corpo e eu continuo esperando mais de uma relação. Em momentos penso que sou praticamente virgem e prefiro não constatar a minha falta em cada relação que foi um dia.
Em teu peito após o desejo sexual atingido, as folhas de inverno. As botas que vejo também em mim.




segunda-feira, 9 de maio de 2016

A lágrima cai e me faz ser humana
diante o frio que apavora o meu espírito.
Que a sensibilidade não me perca
e que eu seja qualquer coisa de ridículo
diante este mundo, não me importo.


sábado, 7 de maio de 2016

Robustos como um cavalo, afetuosos, altivos, elétricos,
Eu e este mistério aqui estamos, de pé. (Walt Whitman) 


às vezes eu queria não ter que dar nomes a qualquer sensação,
não definir, não lembrar de nada específico. Revirar o apego à forma. Só impulsos. 



quinta-feira, 5 de maio de 2016

Como contar vivência: uma metáfora.





A pedra e a terra no fundo do mar.
Arrebentação leva de volta pra beira.
A pedra e a água.
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Erode estrutura, textura e segredos.
O sal,  a solidão de cada pedra.
Redondos que não se estreitam e não se pisam.


A morte acompanha a vida.

É o que penso. sinto a fragilidade de viver Deus sabe como se estivesse pronta acompanhando o meu mundo mundo imantado meu silêncio pensamen...