Quando se descobre que é só. Acontece um estranhamento.
Mas depois desse primeiro momento, de forma racional vejo que fui só sempre quando estive muito triste e em muitas horas em que tive que compartilhar a minha alegria. Solidão que permite aos olhos o entendimento do outro, das fraquezas do outro. Sem cobranças.
Sem atribuir maiores carências, tentando não computar ausências, retirando sempre muito da falta que sinto de afeto. Esse arquétipo frio da vida em que não existe colo nem afago. Percebo que sempre fui a minha família em relação ao compartilhar de quase tudo que conquistei na vida. Faz muito tempo que sento sozinha na mesa para fazer as refeições, que passo a qualquer instante pela sala sem ser notada, faz muito tempo que me preparo para chegar em casa pois existe uma frieza que não cabe de lugar de onde venho pelas as amizades aconchegantes da vida.
A minha casa quase sempre bem dentro de mim, é quando ser só me liberta.